Momentos de Fato

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Projeto de constituição de APA na região do Vale do Açu já está sendo trabalhado pelo Idema/RN
 
Está em gestação na esfera do Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte, Idema/RN, o projeto que tem por finalidade instituir uma Área de Proteção Ambiental, APA, compreendendo um espaço territorial que abrangerá seis municípios do Vale do Açu. É o que revela Ademar Meneses, coordenador de Desenvolvimento Sustentável do município de Carnaubais, na região. Esta semana ele pôde manter os primeiros contatos com uma equipe do órgão ambiental do Estado acerca do tema. Ademar Meneses afirmou que o projeto de preservação ecológica – que dentre outros fins procurará garantir a não extinção de espécimes como a carnaúba – terá amplitude por sobre as cidades de Assú, Ipanguaçu, São Rafael, Alto do Rodrigues, Pendências e Carnaubais. A maior parte do território absorvido pela empreitada se localizará nos municípios de Assú (28 por cento) e Carnaubais (27 por cento). 
 
O coordenador de Desenvolvimento Sustentável do Executivo municipal de Carnaubais, Ademar Meneses, disse achar que esta proposta tem tudo para ser um marco na história da preservação da fauna e da flora do Vale do Açu. Ele reforçou que um foco especial do projeto será a carnaúba. Declarou que a carnaúba tem uma participação decisiva na história da região desde o seu começo até hoje. Todavia, Ademar Meneses admitiu que, hoje, a árvore já não vivencia mais o apogeu que experimentou em décadas passadas. Observou que a importância da carnaúba está descrita em vários estudos e pesquisas acadêmicas e científicas em geral. Porém, a árvore sofreu um grande revés ao longo dos anos por conta de sua devastação. Trabalho realizado pelo Núcleo Temático da Seca e do Semiárido do Rio Grande do Norte, NUT-Seca, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Ufrn, aponta que, em 1966, tinha-se uma área de 447 quilômetros quadrados ocupados por carnaubais, que em 1988 restringiam-se a cerca de 194 quilômetros quadrados em apenas 22 anos. As áreas mais atingidas por essa redução foram os municípios de Açu, Ipanguaçu e Carnaubais. Isso, devido a serem eles os mais favorecidos com a agricultura comercial introduzida na região na década de 80. 
 
As áreas de aluviões eram ocupadas pelos agricultores que mantinham sua agricultura de subsistência, e depois forma sendo substituídos pela agricultura comercial. Suas terras foram vendidas a preços irrisórios onde a maioria desses pequenos proprietários foi usada como empregados das empresas agrícolas. Atualmente, na década de 90, a salinização dos solos aluvionares começa a reduzir a produtividade das colheitas; com isso, as empresas estão deslocando suas áreas de cultivo para os tabuleiros e abandonando as terras originalmente ocupadas pelos carnaubais, sem nenhum cuidado com a sua conservação ou recuperação. Os tabuleiros dos municípios de Ipanguaçu e Carnaubais formam os mais atingidos pelo desmatamento da carnaúba. A pesquisa produzida pelo NUT-Seca/Ufrn registra ainda que a redução de cerca de 51 por cento da área ocupada por carnaubais em apenas 22 anos, indica uma ação de desmatamento bastante intensa para as dimensões dos carnaubais do Vale do Açu, numa taxa média de 11 quilômetros quadrados por ano. A serem mantidas as mesmas taxas de desmatamento, como no período analisado, em apenas 18 anos teremos a área totalmente desmatada. 
 
O órgão ressaltou que a retirada da carnaúba em proporções elevadas cria uma série de consequências ao meio ambiente, quer seja pela diminuição dos nutrientes que ela mantém no solo, ou pelo aumento da erosão por manter o solo desprotegido, sem contar que indiretamente essa vegetação poderá estar incluída no ciclo de desenvolvimento da fauna nativa. É registrado ainda pelo estudo cientifico que, além disso, a prática inadequada da agricultura irrigada tem elevado à salinização dos solos. O documento elaborado pelo NUT-Seca da Ufrn aponta que, apesar do mecanizado desenvolvimento regional a que estão associados, geralmente em médio prazo, serão objeto de grandes preocupações, não apenas no meio ambiente, mas também para toda a economia da área do Baixo-Açu.

Nenhum comentário:

Postar um comentário