Projeto de constituição de APA na região do Vale do Açu já está sendo trabalhado pelo Idema/RN
Está em gestação na esfera do Instituto de Desenvolvimento
Sustentável e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte, Idema/RN, o projeto
que tem por finalidade instituir uma Área de Proteção Ambiental, APA,
compreendendo um espaço territorial que abrangerá seis municípios do
Vale do Açu. É o que revela Ademar Meneses, coordenador de
Desenvolvimento Sustentável do município de Carnaubais, na região. Esta
semana ele pôde manter os primeiros contatos com uma equipe do órgão
ambiental do Estado acerca do tema. Ademar Meneses afirmou que o projeto
de preservação ecológica – que dentre outros fins procurará garantir a
não extinção de espécimes como a carnaúba – terá amplitude por sobre as
cidades de Assú, Ipanguaçu, São Rafael, Alto do Rodrigues, Pendências e
Carnaubais. A maior parte do território absorvido pela empreitada se
localizará nos municípios de Assú (28 por cento) e Carnaubais (27 por
cento).
O coordenador de Desenvolvimento Sustentável do Executivo
municipal de Carnaubais, Ademar Meneses, disse achar que esta proposta
tem tudo para ser um marco na história da preservação da fauna e da
flora do Vale do Açu. Ele reforçou que um foco especial do projeto será a
carnaúba. Declarou que a carnaúba tem uma participação decisiva na
história da região desde o seu começo até hoje. Todavia, Ademar Meneses
admitiu que, hoje, a árvore já não vivencia mais o apogeu que
experimentou em décadas passadas. Observou que a importância da carnaúba
está descrita em vários estudos e pesquisas acadêmicas e científicas em
geral. Porém, a árvore sofreu um grande revés ao longo dos anos por
conta de sua devastação. Trabalho realizado pelo Núcleo Temático da Seca
e do Semiárido do Rio Grande do Norte, NUT-Seca, da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, Ufrn, aponta que, em 1966, tinha-se uma
área de 447 quilômetros quadrados ocupados por carnaubais, que em 1988
restringiam-se a cerca de 194 quilômetros quadrados em apenas 22 anos.
As áreas mais atingidas por essa redução foram os municípios de Açu,
Ipanguaçu e Carnaubais. Isso, devido a serem eles os mais favorecidos
com a agricultura comercial introduzida na região na década de 80.
As
áreas de aluviões eram ocupadas pelos agricultores que mantinham sua
agricultura de subsistência, e depois forma sendo substituídos pela
agricultura comercial. Suas terras foram vendidas a preços irrisórios
onde a maioria desses pequenos proprietários foi usada como empregados
das empresas agrícolas. Atualmente, na década de 90, a salinização dos
solos aluvionares começa a reduzir a produtividade das colheitas; com
isso, as empresas estão deslocando suas áreas de cultivo para os
tabuleiros e abandonando as terras originalmente ocupadas pelos
carnaubais, sem nenhum cuidado com a sua conservação ou recuperação. Os
tabuleiros dos municípios de Ipanguaçu e Carnaubais formam os mais
atingidos pelo desmatamento da carnaúba. A pesquisa produzida pelo
NUT-Seca/Ufrn registra ainda que a redução de cerca de 51 por cento da
área ocupada por carnaubais em apenas 22 anos, indica uma ação de
desmatamento bastante intensa para as dimensões dos carnaubais do Vale
do Açu, numa taxa média de 11 quilômetros quadrados por ano. A serem
mantidas as mesmas taxas de desmatamento, como no período analisado, em
apenas 18 anos teremos a área totalmente desmatada.
O órgão ressaltou
que a retirada da carnaúba em proporções elevadas cria uma série de
consequências ao meio ambiente, quer seja pela diminuição dos nutrientes
que ela mantém no solo, ou pelo aumento da erosão por manter o solo
desprotegido, sem contar que indiretamente essa vegetação poderá estar
incluída no ciclo de desenvolvimento da fauna nativa. É registrado ainda
pelo estudo cientifico que, além disso, a prática inadequada da
agricultura irrigada tem elevado à salinização dos solos. O documento
elaborado pelo NUT-Seca da Ufrn aponta que, apesar do mecanizado
desenvolvimento regional a que estão associados, geralmente em médio
prazo, serão objeto de grandes preocupações, não apenas no meio
ambiente, mas também para toda a economia da área do Baixo-Açu.
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