Momentos de Fato

sábado, 14 de abril de 2012

Contratos de transporte escolar passarão por ‘pente fino’ na Secretaria Estadual de Educação
Quilometragem excessiva, rotas equivocadas e preços divergentes levantaram suspeitas de fraude em contratos de locação para serviços de transporte escolar firmados pela Secretaria Estadual de Educação e Cultura entre 2006 e 2009. O fato estampou matéria de destaque no exemplar de ontem, sexta-feira, do jornal Tribuna do Norte. Em 1º de março, movida por denúncias, a Secretaria pediu  abertura de investigação policial, segundo afirmou, quinta-feira, a titular da pasta, professora Betânia Ramalho. Ela contou que vinha recebendo muitas denúncias e encaminhou aos órgãos competentes para a investigação. Betânia Ramalho disse que, com a judicialização do caso, a Secretaria vai repassar as informações que forem necessárias. Registrou que o órgão está garantindo a lisura do processo e que, ao final da investigação, deverá receber a orientação de quem vai pagar a conta e, destacou, com certeza, não será a atual gestão estadual. Segundo o procurador geral do Estado, Miguel Josino Neto, as investigações no âmbito da Procuradoria mostram distorções estarrecedoras e dados superestimados. Em alguns processos de pagamentos a quilometragem apontada pelas empresas chegava a ser o dobro do necessário para cumprir a rota contratada. 
 
Segundo Miguel Josino, no caso do contrato do transporte escolar em Natal, uma das empresas chegou a apontar rota diária de 236 quilômetros. Revelou que quando se refez a rota por GPS foi identificado que o contratado não fazia mais de 120 quilômetros por dia. Outro absurdo encontrado foi em Ceará-Mirim, citou o procurador.  Segundo ele, a empresa contratada chegou a apontar 800 quilômetros percorridos, em um só dia, no transporte de alunos dentro do município. O caso está nas mãos da delegada Maria Ivany Bezerra, lotada na Delegacia Especializada de Falsificações de Defraudações. A designação da delegada foi publicada na edição de quinta-feira, dia 12, do Diário Oficial do Estado e é assinada pelo delegado geral de Polícia Civil, bacharel Fábio Rogério Silva. O inquérito policial corre em sigilo, segundo ele. A expectativa do procurador-geral do Estado é de que a investigação aponte o tamanho do prejuízo ao erário estadual. Somente em 2009, primeiro ano de mandato dos atuais prefeitos, o financiamento do transporte escolar aos alunos da rede estadual foi da ordem de 17,5 milhões de reais. Parte dos recursos foi transferida em regime de contrato emergencial com os municípios de Natal, Pau dos Ferros, Caicó, Mossoró e Assú no valor de três milhões de reais.
 
 Na época, eram poucos os veículos próprios da frota da Secretaria Estadual. A maioria dos municípios mantinha contratos com empresas terceirizadas. Até aqui, nem o delegado geral, nem o secretário adjunto da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social, Silva Júnior, se dispuseram a adiantar ao jornal qualquer informação sobre o conteúdo dos ofícios da pasta estadual (091/2012) e da Controladoria Geral do Estado (140/2011). Estes documentos, segundo a portaria 023/2012, publicada quinta-feira, trazem o conteúdo das supostas fraudes. A delegada Ivany Bezerra disse que ainda vai tomar ciência do processo. As denúncias das supostas fraudes foram encaminhadas, nos últimos dois anos, ao gabinete da Secretaria, segundo o procurador Miguel Josino, através de e-mail, por um servidor da pasta. A reportagem da Tribuna do Norte apurou que o servidor está afastado de suas funções, há algum tempo. Antes de chegar à Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social, as denúncias foram investigadas, a pedido da pasta de Educação, pela Procuradoria-Geral do Estado, e ainda estão em apuração na Controladoria Geral do Estado, Controladoria Geral da União e Ministério Público Estadual. Segundo Miguel Josino, os pagamentos de indenizações às empresas prestadoras – os que estavam em atraso e foram cobrados na Justiça – estão suspensos, até que as investigações sejam concluídas.

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