Momentos de Fato

sexta-feira, 2 de março de 2012

INCRA recebe três primeiros relatórios de vistoria e retomada de lotes
Foram entregues esta semana à Procuradoria Federal Especializada da Superintendência do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária do Rio Grande do Norte, INCRA/RN, os três primeiros relatórios feitos pela Comissão de Vistoria e Retomada de Lotes. Segundo informação dada pela assessoria de comunicação social do órgão fundiário, a ação integra a campanha nacional intitulada ‘Reforma agrária: essa conquista não está à venda’, que vem sendo realizada em todo país pelo INCRA.
 
 No Estado, a execução da campanha conta com apoio da Polícia Federal e movimentos sociais que atuam no campo. As três primeiras vistorias foram realizadas no final do ano passado nos assentamentos Nova Esperança (Mossoró), Padre Cícero (Ceará-Mirim) e São Geraldo (Upanema). Estes três projetos de assentamentos foram escolhidos em função do grande número de denúncias referente à comercialização de lotes da reforma agrária, bem como pelo índice de violência causada por conflitos oriundos das vendas das parcelas rurais e desmatamento ilegal. Como resultado das primeiras vistorias, dos 290 lotes fiscalizados, um total de 102 ou 35,1 por cento apresentou alguma irregularidade. No assentamento Nova Esperança, que conta com 190 famílias, 51 apresentaram algum tipo de problema. No assentamento Padre Cícero, em Ceará-Mirim, com 60 lotes, foi constatado irregularidade em 25. De acordo com a Comissão de Vistoria, a situação mais grave foi percebida em São Geraldo. O número de irregularidades chegou a 65% do total de famílias assentadas. Naquela comunidade rural, dos 40 lotes visitados 26 estão com algum tipo de problema. Tanto em Padre Cícero quanto em São Geraldo ocorreram homicídios cuja motivação está relacionada à comercialização de lotes e ou desmatamento ilegal segundo as investigações policiais. O próximo passo, agora, será o de análise dos documentos. Nesta fase, caberá a Comissão de Supervisão, coordenada pelo procurador federal do INCRA/RN, Adriano Vilar Villaça, verificar caso a caso. Existe situação em que os problemas são apenas documentais e plenamente possíveis de serem resolvidos e as famílias continuarem em seus lotes. Noutros, está constata a compra do lote e da casa, prática considerada criminosa pela justiça.
 
 Após a análise, serão dados os encaminhamentos de notificação para que as 102 famílias apresentem suas defesas. Se no período definido pelo INCRA, as famílias não se defenderem ou as defesas não forem consideradas procedentes, o Instituto Agrário poderá ajuizar a reintegração de posse, retirando as pessoas que estão irregulares no lote e casa. Um dos objetivos da ação é o caráter educativo. Segundo o superintendente do INCRA/RN, Valmir Alves, até se tornar proprietário, ter o título da terra, o assentado não pode vendê-la. É preciso conscientizar a população que quem comprar lotes da reforma agrária pode incorrer em crime e até ser punido com prisão, dependendo da gravidade do caso. Ainda segundo o superintendente, a ação de vistoria e retomada de lote será continuada em 2012. A partir de março o INCRA irá fiscalizar 10 assentamentos, incluindo a MAISA, em Mossoró, o maior assentamento do Estado, que conta com 1.150 famílias assentadas. Recentemente, chegaram oficialmente ao INCRA denúncias de compra e venda de lote e de casa naquela comunidade agrária da região Oeste. Valmir Alves frisou também que existem hoje cerca de 3.100 famílias acampadas e que a retomada de lotes ocupados irregularmente beneficiará trabalhadores e trabalhadoras rurais que esperam por um lote de terra para morar e produzir. Valmir reforça que a linha de atuação da atual gestão manterá esforços para continuar a desapropriar terras improdutivas e, retomar lotes de quem não tem perfil e utilizou o expediente ilegal, que é a compra.

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