Aumento
do mínimo vai causar
impacto de R$ 8 bi nas Prefeituras
O sufoco financeiro
dos municípios brasileiros - e não é diferente
no Rio Grande do Norte - deve se intensificar ainda mais com o reajuste
de 14,13% no salário mínimo e do piso nacional dos
professores, este possivelmente em torno de 22%. O vice-presidente
da Federação dos Municípios do Rio Grande do
Norte (FEMURN), o prefeito de São Gonçalo do Amarante,
Jaime Calado, destacou que os dois aumentos combinados deverão
pendurar uma conta extra de quase R$ 8 bilhões nas Prefeituras.
Ele alerta que as dificuldades para fechar os balanços orçamentários
ocorrerão neste ano devido aos impactos sobre as folhas de
pagamento do funcionalismo e inclusive com o fantasma da Lei de
Responsabilidade Fiscal (LRF) batendo a porta.
"Os prefeitos são a favor de um salário mínimo
generoso porque ajuda a economia, o país e a todos, mas um
aumento de 14% quando a inflação foi de 6,5% preocupa
muito só prefeitos", ponderou Jaime. Ele ressaltou ainda
que a geração atual, que na sua opinião já
está sacrificada por causa da crise financeira internacional,
encontrou os municípios (fomentadores de políticas
locais) com a principal renda - no caso o Fundo de Participação
dos Municípios - FPM - em uma situação caótica.
"Houve uma queda [do FPM] em 2009, outra em 2010 e uma certa
recuperação em 2011, que não deu para recuperar",
completou ele.
Os maiores problemas nos cálculos das Prefeituras, segundo
a Confederação Nacional dos Municípios (CNM),
deverão ocorrer no Nordeste, Norte, Centro-Oeste e parte
de Minas Gerais, em cidades pequenas, onde a maioria dos servidores
ganha o mínimo. "O aumento real do salário, desde
o início do governo Lula (2003), já impactou as contas
dos municípios em R$ 13,651 bilhões", disse em
entrevista no início do mês o presidente da CNM, Paulo
Ziulkoski. "Só no ano passado, foi R$ 1,3 bilhão
mais, e em 2010, 1,7 bilhão", emendou ele.
A CNM está finalizando os cálculos para determinar
com mais precisão o tamanho do rombo. Por causa do aumento
do salário do ano passado, 650 cidades estouraram os limites
de gastos com pessoal da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Ainda
não há cálculos exatos para o que acontecerá
este ano, depois que o mínimo, a partir de 1° de janeiro
de 2012, subiu de R$ 545,00 para R$ 622,00, mas o impacto não
deve ser menor. Esse cenário tem chamado a atenção
da Femurn, que já fala em mobilização. "Precisamos
de alguma compensação porque caso contrário,
além dos problemas financeiros habituais os prefeitos terão
complicação com a LRF porque será inevitável
o aumento do limite prudencial com a folha em crescimento e a arrecadação
não correspondendo", opinou Jaime Calado.
A lei determina que os gastos do Poder Executivo Municipal com funcionalismo
não podem ultrapassar 54% do total. A situação
das Prefeituras na região Nordeste é considerava a
mais grave. No Ceará, por exemplo, a média era de
36% dos funcionários ganhando o salário mínimo.
No interior, chega a 60%. A estimativa da CNM é de que haja
no País atualmente 5,380 milhões de servidores municipais.
Só o aumento do salário mínimo expandirá
a despesa de pessoal das prefeituras brasileiras em aproximadamente
R$ 2,8 bilhões anuais. A Femurn não dispõe
de levantamento sobre o impacto financeiro no Rio Grande do Norte
do novo reajuste do salário mínimo.
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